Saturday, August 13, 2011

Entrevista para a Rock Girrl


Por: ?
Para: Rock Girrl
Data: 2003
Tradução: Marianna Souza de Oliveira


     Depois de cinco anos e de dois independentes e aclamados CD’s (The Distillers e Sing Sing Seath House), tudo são rosas para Armstrong.

      Depois de recentemente ter cantado no Sire, The Distillers abriu a turnê do No Doubt e do Garbage no final do ano passado – um passo que os expôs de uma forma que eles nunca tinham experimentado antes-. Agora envenenada para se tornar um nome household, Armstrong reflete obre seu passado e sobre o que o futuro reserva para ela.

Como você descobriu a música?
Meus pais eram grandes colecionadores de vinil, então eu sempre estive por perto desse meio. Eu tinha essa compilação chamada The Beat Girls quando eu tinha cinco anos e tinha The Go Go’s nela. Tinha umas bandas bem ruins na compilação, mas The Go Go’s se sobressaltou. Rolling Stones e Tom Petty foram também importantes pra mim quando eu era uma criança. Eu fui ao meu primeiro show quando eu tinha sete anos, da Cyndi Lauper.

Quando você ganhou sua primeira guitarra?
Eu tinha 13 anos. Era acústica. Eu lutei com ela primeiro porque eu ainda não tinha tido nenhuma aula. Eu não sabia como mexer com aquilo, então eu fazia uns powerchords estranhos com meu dedo anelar e indicador. Eu pensei, “É tão difícil que é um saco”. Então eu tive umas duas aulas e o professor me ensinou algumas músicas que eu queria aprender como “Teenage Whore” do Pretty On The Inside, e coisas como esta.

Quem te inspirou a tocar?
Eu amava música. Era uma linguagem que eu sempre entendi desde que era pequena. Eu aprendi a falar ela como poesia.

E era terapêutico?
Era terapêutico pra todo mundo. Eu nem sei como categorizar isso. Era como uma necessidade intrínseca, primitiva. Você tem que ouvir o ritmo. Você tem que ouvir o som.

Quando você começou a levar a música mais a sério?
Depois da minha primeira banda, a Sourpuss se separou eu sabia que aquilo era tudo que eu queria fazer. Ter sido expulsa da escola e ter sido motivo de risadas por não ter um corte de cabelo certo me fizeram perceber que eu não queria fazer nada além de tocar música. Eu não sabia direito como, mas eu sabia que eu iria fazê-lo.

Como o Sourpuss se uniu?
Quando eu tinha 14 anos, minha melhor amiga e eu fomos para a mesma escola católica de garotas e minhas duas outras melhores amigas conheceram essa outra garota em um show pra todas as idades. Eles perguntaram entre si o que cada um tocava e foi ali que tudo começou. Quando começamos, estávamos no auge do “mulheres na música” nos anos 90. Eu realmente não me lembro se nós tivemos apoio ou não. Mas tenho certeza de que levamos muita merda. Nós éramos quatro garotas e eu era a mais nova. Nesse ponto a gente não podia tocar muito bem. Todo mundo queria ser a abelha rainha e ninguém queria dar um passo pra trás, então sempre tinham constantes brigas, uma merda, pra ver quem seria a número um, a líder da banda. Eu só queria tocar e compor músicas. Eu queria ser uma boa compositora como as minhas influências. Depois de um tempo foi nosso falecimento.

Você tinha algum contato com o Rock n’ Roll High School for Girls em Melbourne?
Nós éramos parte dele. Nós praticamos lá. Era ótimo em teoria, mas lá tinha muitas regras e um monte de merda envolvida que pesou muito pra baixo. Como uma artista, eu queria ir para fora por minha conta. Eu não queria ser parte de um estandarte para “mulheres”. Eu não queria ter aquela dor de cabeça  porque eu sentia que aquilo estava trazendo mais problemas do que ajudando.

Tinha alguns acampamentos aqui nos Estados Unidos especialmente pra meninas. Você acha que é o mesmo aqui?
É ótimo para jovens mulheres, jovens garotas, que não se sentem confortáveis e que precisam de apoio extra. Ajuda muito a tirar as pessoas dessa luta de tentar descobrir tudo. Essa indústria é pura enrolação.

É pior aqui do que na Austrália?
Ah, com certeza. É tão maior e mais elaborado aqui. É colossal comparado à Austrália. Austrália tem uma boa cena musical, mas está no caminho de se tornar uma mini América, coisa que os australianos estão lutando contra. Eles querem rivalizar com a América, mas ao mesmo tempo eles são totalmente enojados por ela.

Sua musica tende a ser política.  Você acha que os músicos têm a obrigação de serem políticos?
É uma ótima plataforma se você quer que a sua música seja política. Você tem um microfone, então você é um pouco mais alto do que a maioria das pessoas. Você pode com certeza ter a sua idéia reconhecida através de um decibel mais alto, mas ser político é uma escolha pessoal.

É empolgante pensar numa artista como você florescer porque já faz um bom tempo desde que alguém escreveu sobre realmente estar de saco cheio.  Você está carregando a tocha agora. Você acha que seus ombros são grandes o bastante para carregar essa responsabilidade?
Shirley Manson e eu nos tornamos muito próximas durante a turnê e ela vivia me dizendo: “Eu estou segurando a tocha por você, Brody” Eu não quero a tocha! Leva isso pra lá! Dá pra outra pessoa, sei lá! Eu sou tão fodida como qualquer outra pessoa quando sai do palco. É por isso que eu não gosto dessa coisa de “carregando a tocha”. Eu sou mais como “Caramba, eu estou fazendo isso.”

Como foi fazer turnê com o Garbage e o No Doubt? A platéia foi receptiva?
Eu não sabia o que esperar, mas quando quinze mil pessoas animadas é a coisa mais louca. É quase como música de fundo depois de duas semanas. Nós éramos definitivamente principais, mas eu não tava nem aí. Eu só queria sair dali e fazer o que tínhamos que fazer, e foi isso o que aconteceu. Um monte de crianças na verdade nos apoiaram e foi foram muito legais. Eu tenho certeza que foi um monte de gente que não entendeu o espírito da coisa e nem vai.

Você vê muitas garotas na platéia quando você comanda os shows?
Sempre tem meninas. Eu acho que é meio-a-meio, mas teve um monte de meninas e eu amei isso.

Você notou mais meninas na platéia do No Doubt e do Garbage?
Com certeza. Elas atraem isso. Era como umas Gwen’s de cinco anos com cabelos descoloridos. Foi louco! Mulheres têm muitas coisas diferentes a lidar com essa indústria. O que aparentamos ser sempre se torna mais importante do que temos a dizer. Estou farta disso. Estou farta de me preocupar cm qual foto vai pra capa da revista. Eu tento não entrar nessa porque sempre acaba ficando por cima das coisas mais importantes, como gravar um CD.

Agora que vocês entraram pra Sire a pressão é diferente?
Não sei. Nós ainda não tivemos um cd gravado por eles ainda. Eu falo com você daqui a um ano. Nós escolhemos a Sire porque foi a casa do Siouxie & The Banshees, Ramones, Dead Boys, Joy Division. Joan Jett é da Sire também. Tem uma boa linha. Seymour Stein tem um ótimo ouvido. Na verdade a gente o conheceu nem Nova Iorque e ele foi bastante engraçado e legal.

As expectativas vão mudar pra você na nova gravadora?
Não sei. Não sei nem o que esperar. Eu sei que a pressão está aumentando porque eu tenho tido sonhos em que essa entidade invisível está colocando pressão em certas partes do meu corpo e eu não consigo respirar. Isso me acorda.

Eu não acho que tem nada de subliminar nesse sonho.
Eu sei. É tão óbvio, não é?

Pelo menos você dorme.
Eu tenho tentado. Eu amo a noite. É a melhor hora pra eu para escrever. Eu também escrevo durante o dia, mas de noite mesmo é que eu acordo.

Você consegue ouvir outras coisas sem ser influenciada por elas enquanto está escrevendo?
No meu último cd, eu escutei cada disco da Blondie todo dia e foi como “Ah, melodia. Isso é pura melodia”.

Depois do Sourpuss você achou mais fácil trabalhar com homens?
Foi mais fácil pra mim. Eu amo mulheres que estão no meio musical e eu tenho um monte de amigas meninas que tocam. Eu as amo, as respeito e eu amo vê-las tocar. Sourpuss se tornou uma batalha de poder. Com certas pessoas nessa banda era mais como eu dando uma de babá e a banda tomando conta de um certo membro. Eu estava de saco cheio daquilo. Nós não éramos pais, nos éramos uma banda. Cresça. Descubra. Era assim que era com uma pessoa. Com as outras pessoas era a diferença de idade e experiência.

Tem alguma diferença de idade com os outros membros do Distillers?
Não. Nós todos temos a mesma idade e crescemos na mesma música.

Como que a banda escreve músicas? É um trabalho em grupo ou você já traz tudo pronto?
Eu levo tudo pronto. Eu tenho uma máquina de escrever. Eu amo datilografar e tocar ao mesmo tempo. Eu sento lá com o meu violão e escrevo. Eu vou tocar e vou escrever. Eu vou escrever e vou tocar. Eu posso fazer isso com uma caneta. Tem alguma coisa de especial em ver as letras surgindo de um papel em branco.

Você teve algumas mudanças.
É como uma família que, se não está funcionando muito bem, você não pode ficar nela. Assim que comecei esse projeto eu tive que achar pessoas às quais eu podia me relacionar e fazer o que eu queria fazer. Eu queria que as pessoas fizessem parte de alguma coisa, que investissem dois centavos e tivessem a mesma visão.

Como você e o Tim fazem o casamento funcionar com dois músicos de sucesso na família?
Nós vivemos cada dia intensamente. Tim tem uma gravadora, duas bandas e toma conta de milhões de outras bandas. Todos nossos amigos e músicos. Então tenho eu e minha banda, então isso definitivamente se cruza. Eu sou bastante independente e ele também é.

Você se preocupa que as pessoas pensem que é o Tim que escreve as suas músicas ou que esta sendo um Svengall de alguma forma?
Ninguém nunca pensou nisso.  Se alguém esta escrevendo merda sobre mim é porque não tem vida, e eu tenho. Eu nunca presenciei isso, mas se eu presenciasse, eu realmente não ligaria porque todo mundo sabe que eu tenho um ego. Eu nunca deixaria ninguém escrever minhas músicas, nem mesmo meu marido.  Não funciona assim nessa casa, sabe?

Você procurou a ajuda de Tim na hora de tentar um contrato com a Sire?
Claro. Nós estamos nessa gravadora, a Hellcat. O modo do qual ele têm tocado sua carreira é impecável. Rancid toma conta de seu próprio catálogo. Eles tomam conta de seus próprios CDs. Eles comandam eles mesmos. São donos de si. Eles não têm um administrador porque normalmente eles levam 20% do que eles ganham.

Qual foi a coisa mais estranha que um fã já fez?
Nós temos uma garota de Detroit que vai aos nossos shows não importa onde aconteçam. É bem selvagem. Um cara da Inglaterra tem a imagem da contra-capa do nosso primeiro CD tatuado e uma imagem de mim, no braço. Na verdade eu ainda não vi. Todo mundo viu e disse que era bizarro.

O que você gosta de usar como acessório?
Eu sempre usei Ernie Ball Elevens – o pacote roxo. Eu uso uma Strat e tem uma Humbucker nela. É uma ótima guitarra de se tocar. É quente e tem o som de uma Fender. Não tem nada como aquilo.

Você usa alguma coisa no estúdio que você não usa ao vivo – ou vice versa?
Não, eu uso Fenders. Les Paul é muito pesada. Eu não posso tocá-la ao vivo senão eu não poderia tocar no cd e conseguir o mesmo som. Eu amo o som das SG’s, mas elas são muito pesadas e instáveis. Você segura o pescoço dela e ele cai, isso me deixa louca. A Fender tem equilíbrio. Encaixa-se perfeitamente. Os pescoços são bons e o formato é clássico. Eu recentemente saí e comprei uma ’72 Tele que é linda e comprei uma ’65 Mustang também que é muito bonita. Ela é toda ótima, mas eu sempre volto pra Strat. Uma vez Strat, sempre Strat.

Quais amplificadores você usa?
Eu uso cabeçote Mesa e um gabinete Marshall 4x12 para a mixagem. Eu gosto do Mesa mas eu acho que os gabinetes dele são um pouco altos demais no final, muito metálico. Não tem como errar com um amp da Marshall.